quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Esquecer


Nem pensar esquecer...

Nem pensar.

Viver não compreende a palavra esquecer.

Como poderia?

Como passar em branco,

deixar a mente vazia?

Vida...

Quatro letras apenas,

pequenas,

simples: duas vogais e duas consoantes.

Tudo que é, foi ou será...

Alma?

Corpo?

Ou aquilo que não sabemos nem conhecemos,

posto que, se existiu, foi por um mínimo instante?

Deixar a mente vazia?

Esquecer? Como?

Da vida?

Poderia?!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009


Tenho muitas saudades de Rodrigo.

Tenho muito orgulho também. Por isso não fico muito down quando sinto muitas saudades dele.

Olhando uma foto sua ainda agora vi um filme inteiro passar diante de meus olhos. Todinho, desde o início, lá em 82. Vi seu rostinho desde o primeiro dia me olhando com olhos pretos.

Agora também. Esses olhos pretos não olhavam pra mim, mas estavam ali, pretos marcados para sempre na minha alma. Na minha pele, no meu coração.

Quando um filho sai de casa fica um enorme precipício separando a vida da mãe do resto do mundo. Quando isso acontece, a mãe morre um pouquinho, só um pouco, mas não perde o chão e não cai porque sabe o quanto é preciso que isso ocorra pra que o filho voe e bata finalmente suas asas por si mesmo, mostrando ao mundo, finalmente, a que veio, como vai, para onde e com quem.

Observando seu olhar de olhos pretos, pude ver seus pensamentos e ler suas emoções. Sim, isso é possível! E me perguntei se tem coisa melhor que ver o filho adulto hoje, nos mesmos olhinhos pretos de criança que um dia me fitaram os meus. Tem coisa mais intensa que lembrar desses olhos pretos, chegando a esse mundo de boca aberta no maior berreiro, tentando atinar com o que lhe fizeram e por quê?

Só olhando os olhos pretos do filho a mãe pode entender a grandiosidade da vida e a generosidade desse momento.

É por isso que te amo.

Você nunca me deixou esquecer seus olhos pretos.